quinta-feira, 5 de maio de 2011

RESENHA - LOLITA


Lolita - Nem tão santa assim... - Humbert era um homem europeu de traços fortes e com boa aparência. Teve uma vida conturbada e desiquilibrada. Numa grande oportunidade se muda para os Estados Unidos e, em meio a desencontros e tormentos, acaba conhecendo a sra. Haze, mãe de Dolores, a tão cobiçada Lolita de Humbert. Para ter "livre acesso" ao seu grande objetivo, nosso educado sr. Humbert se casa com o prêmio de consolação, a sra. Haze. Um casamento de breve duração, pois o destino se incubiu da morte da jovem senhora. Como "papai" de Lolita, Humbert corre o país com sua protegida, cedendo à todos os seus caprichos a troco de carícias proibidas.

O livro é de um tremendo bom gosto com o jogo certos de palavras e em nada poderíamos chamar de escandaloso ou imoral. Na verdade, acabei sentindo uma certa simpatia pelo moreno europeu, Sr. Humbert. Lolita é o grande demônio dessa história, um prodígio quando o assunto seria sexo. Nada infantil, soube manipular de forma surpreendente seu abestado "papai". A jovem criatura escolhe seu destino, faz o que quer, mostrando a Lolita forte, inteligente e nada ingênua.
Vladimir Nabokov foi imensamente feliz ao escrever esse romance. Lolita, de certa forma, mostra a tão acentuada sexualidade das meninas desse novo século. Sim, cada vez mais jovens mamães aparecem todos os dias no nosso convívio, por que então negar tal fato? Temos muitas Lolitas em nosso tempo.
Incesto? Pedofilia? Isso existe no romance, porém, me atrevo a dizer que o amor de Humbert era verdadeiro, sendo que Lolita foi sua única criança, buscando também pelo fato de que ela se ofereceu à ele quando já havia sido deflorada em seus tenros doze anos.
Não, meus amigos... não me julguem por essa resenha. Posso até chocar com a minha opinião, mas quando há consentimento não há estupro. Mesmo no caso de Lolita ser tão novinha e ainda considerada uma criança, mas o autor mostra com exatidão que Lolita sabia muito bem o que estava fazendo. Enfim, a minha opinião a respeito do livro em questão sempre será essa: Lolita era uma grande safadinha vigarista e aproveitadora.
Se revire no túmulo, sr. Vladimir e receba meus aplausos quanto ao tema usado e seu desenvolvimento, mas também receba minhas críticas pela imensa chatice que foi ler sobre todos os lugares em que aqueles dois pervertidos, padrasto e enteada, passearam pelo país.
Recomendadíssimo!

INTERNACIONAL VS. NACIONAL

Lendo alguns livros iternacionais, relendo alguns nacionais, notei uma grande diferença entre os nossos autores e os de fora: a enrolação!




Muitos de nós já devem ter lido um best seller e ter sentido que seria uma grande história, porém que ficou enfadonha em certo momento da escrita. Por que isso acontece? Pelo que pude perceber, detalhes em excesso, coisa que não agrada o leitor. Não precisamos dos mínimos detalhes sobre como determinada personagem viveu durante tal período. Queremos apenas o seguimento da história. Não preciso saber que tal pessoa vestia um sapato azul, com a roupa de fulano... não! Quero saber o que ela fez, o que aconteceu. Com um famoso "enchimento de linguiça" pra deixar o livro mais grosso - e não coerente, como seria o verdadeiro objetivo desses detalhes - , esses autores colocam descrições que se tornam repetitivas e chatas.




Um grande mérito dos autores nacionais - principalmente dos novos autores escondidos pelo Skoob, pelos blogs e editoras prestadoras de serviço - é exatamente esse: ocultar detalhes que não são de suma importância para a história em si. Nossos autores são práticos, suas histórias são rápidas e coerentes, sem detalhes esdrúxulos ou desnecessários, tornando sua obra gostosa de ler.




Avaliando esse assunto com alguns amigos e com a Nessie - administradora do Blog - percebi que a opinião entre todos é a mesma, a concordância sobre esse tema é geral e acredito que dos nossos leitores, ou da sua maioria, também seja assim.




Há uma estranha crença de que o livro - ou o autor - pra ser bom precisa escrever um livro imenso e tedioso, cerca de oitocentas páginas. Discordo! Já li obras incríveis com menos de cento e cinquenta páginas e percebi que o tema, a escrita, o assunto, os diálogos, são melhores e mais descontraídos de absorver.




Querem exemplos? O tão famoso Crepúsculo teve um tema abordado pela minha grande amiga Nessie - acredito que no segundo livro da série. Por que a autora descreveu como a protagonista limpava o banheiro de sua casa? Algo totalmente infantil e desnecessário, chato, enfadonho, detalhe que poderia destruir uma história com bons alicerces e fazer com que o leitor abandonasse a obra. Já no outro extremo temos o exemplo de vários autores - falando de brasileiros agora - , onde a leitura flui, simplesmente devoramos o livro e esperamos por mais e mais. Claro que temos também grandes excessões às regras, entretando acredito que já está mais do que na hora de darmos o verdadeiro valor que nossos autores merecem - INDIRETA PARA AS EDITORAS.








Sou Gabriel Amarin e desejo à todos um bom fim de semana.




Deixo vocês agora com um texto do livro ESHAN - O VALE DA VIDA de Nessie Araujo, um trecho de um dos capítulos que mais gostei e, com o perdão dos fãs, que deixaria Shakespeare se revirando de raiva no túmulo:








Uma música lenta começou a tocar. Para um poeta escritor, isso era mais do que suficiente para que sua imaginação começasse a agir. E foi o que ele fez. Pegou a mão da princesa e a levou até a pista de dança. Tomou-a pela cintura e a guiou. Nesse momento, os dois eram o foco dos flashes e de todos os olhares. Henrique era o convidado mais famoso e não foi fácil disfarçar o que ele sentia pela princesa. Seu fascínio ficava claro no modo como ele olhava para ela, no modo como tocava nela. Sem graça, Lilly bailava perfeitamente com seu escritor, como se os dois flutuassem em nuvens.
- Queria que o mundo parasse e só nós dois estivéssemos aqui, que esse momento fosse só nosso. - disse Henrique um pouco irritado com toda atenção que os dois atraíam. Eram as mais lindas pessoas daquele local.
- Seu desejo é uma ordem, meu senhor. - disse Lilly.
Sem pensar, convencida de que Henrique a amaria e a aceitaria do jeito que era, assim como Gabriel, Lilly faz sua mágica. E o tempo para. Somente a música e eles. Henrique olha em volta, não assustado, mas maravilhado. E pequenas luzes surgem entre eles, como minúsculos vaga-lumes a iluminar o momento que seria eternizado em suas mentes.
- O que é isso? - pergunta o escritor com um sorriso de uma criança.
- Minha mágica. - responde a princesa, voltando para os braços dele, acompanhando o balanço da música. - Um mundo só nosso, meu Henry.
Com essas palavras, o escritor faz o que desejava fazer assim que a viu nessa noite, ele a beija. Um beijo forte e delicado, poderoso e suave, congelante e abrasador. Um beijo como o de Athos. E no meio dessa magia, o beijo é tão poderoso quanto os outros. E sentem que se desejam, que precisam possuir um ao outro.
- Eu sinto algo por você, Lilly. - sussurra o escritor sem parar de beijá-la, intercalando palavras e beijos. - Eu quero e preciso de você.
- Não sou sua, não para sempre. Mas posso ser essa noite.
- Então me inebrie com o seu amor, use esse seu poder de entorpecer minha mente só com seus beijos e me ame essa noite, porque eu serei seu para sempre.
- Henrique... meu Henry. Você me ama e nem sabe quem eu sou. - murmurou a princesa de Gerizin. - Já perdeste a noção do mundo real e da fantasia?
- Sim, minha rainha. - respondeu o escritor, como numa brincadeira com a princesa a sua frente. - Creio que meu juízo já está perdido. E agora, para mim, tudo é fantasia e você é minha única realidade.
- Ou posso estar no limite dos dois mundos. Posso ser sua realidade dessa noite e sua fantasia quando eu me for.
- De qualquer forma só restará você em minha perturbada sanidade.
- E sua sanidade me permitirá partir depois dessa noite, meu poeta? - diz a princesa com um ar misterioso.
- Por que é preciso partir, minha rainha?
- Um beijo pode parecer o melhor prêmio de hoje, mas a mentira da fantasia é amarga no dia seguinte, grande escritor.
- Não seria essa fantasia mais do que mereço? Sendo assim aceito meu amargo castigo, que seria eternamente doce se ao meu lado pudesse estar. - e os olhos do escritor cintilavam, faiscando uma adoração pela princesa à sua frente. As palavras dele a derretiam, sua coragem a fazia se render.
- Doce escritor, mesmo que eu tentasse, jamais escaparia do fascínio que exerce sobre mim, por isso aceito a sua oferta. - e saindo da sua fantasia de palavras, ela sussurra ao ouvido dele: - Me ame essa noite e veja mais do que uma simples mágica acontecer, mas viaje na ilusão de um mundo novo e não saberemos mais onde ficará o limite da fantasia e da realidade. Podemos nos perder para sempre e você será um desvairado entorpecido pelo poder da minha sedução.
- Assim como está por mim?
- Assim como estou por você.
E mais um beijo entre eles mostra que o desejo era mais físico, existente, do que as palavras que o descreveram.
- Vamos sair daqui. - diz Henrique quando percebeu que ela quebrara a magia e todos podiam vê-los e adivinhar o que não puderam enxergar.